ANO BISSEXTO, ANO DA CONFUSÃO
Está chegando
o dia 29 de fevereiro, coisa que não acontece todo ano! Mas por que não?
Máquina do
tempo - 24-02-2012
Outro dia
alguém perguntou por que o ano bissexto se chama assim, se só acontece de
quatro em quatro anos. Fiquei pasma de nunca ter pensado nisso! Por que ano
bissexto, e não ano quarto, ano quadrado ou coisa parecida? Fui investigar.
A primeira
coisa a considerar é que o ano bissexto existe para corrigir a diferença entre
o ano solar e o ano do nosso calendário: a Terra leva 365 dias e 6 horas para
girar em torno do sol, mas nosso calendário só tem 365 dias. Ao longo de vários
anos, essas horas fazem diferença!
Na
Antiguidade, imagine você, já aconteceu de o calendário “oficial” e o ano solar
contarem mais de três meses de diferença – o que, é claro, gera uma confusão
danada na hora de contar as estações do ano e as épocas de plantio e colheita,
por exemplo. Por isso, o imperador romano Julio César decidiu dar um basta e
arrumar, com a ajuda de um astrônomo, um calendário que não se distanciasse
tanto dos anos solares – assim surgiu o primeiro calendário com ano bissexto.
Após as
modificações feitas por Julio César no ano 46 antes da nossa era, durante um
bom tempo, ninguém conseguiu contabilizar os anos bissextos direito. Só no ano
8 da nossa era é que as contas foram acertadas.
César fez
tantas modificações no calendário que ele até passou a se chamar juliano, em
homenagem ao próprio imperador. O ano passaria a ter início no dia 1 de janeiro
– antes, começava em março – e, para corrigir os desvios passados, decretou-se
que o ano 46 antes da nossa era teria 445 dias. As mudanças foram tantas que
este ficou conhecido como o “Ano da Confusão”.
Julio César
também estabeleceu que, a partir do ano seguinte, haveria um ano bissexto a
cada 4 anos. Em vez de criar um novo dia, a ordem era duplicar o dia 24 de
fevereiro, o que nos ajuda a explicar a confusão do nome “bissexto”.
Naquela
época, os nomes dos dias eram baseados no ciclo lunar. Cada mês tinha três dias
fixos: Calendas (lua nova), Nonas (quarto crescente) e Idus (lua cheia). Os
outros dias eram chamados em relação a estes. Assim, 24 de fevereiro era
chamado de “antediem sextum Calendas Martii”, ou “sexto dia antes da Calendas
de Março”. Com a duplicação deste dia nos anos bissextos, ele passou a ser
chamado de “antediem bis-sextum Calendas Martii”!
O dia extra
foi incluído em fevereiro porque, na época de César, este era o último mês do
ano, considerado ao mesmo tempo o mês da purificação e do azar.
Parecia que o
problema do calendário tinha sido definitivamente resolvido, mas ainda não foi
desta vez. Tempos depois, novos cálculos mostraram que o ano solar não tem 365
dias e 6 horas, e sim 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Com isso,
simplesmente a soma de um dia a cada quatro anos não resolvia o problema,
porque, depois de muitos anos, estes 11 minutos e 14 segundos também iam fazer
diferença.
Quem fez a
mudança desta vez foi o papa Gregório XIII, em 1582 – e o calendário passou a
ser chamado de gregoriano, como é até hoje. Na época, a diferença entre o ano
do calendário e o ano solar já era de mais de 10 dias. Para acertar a
diferença, Gregório estabeleceu que, naquele ano, depois do dia 4 de outubro
viria o dia 15. Pobre de quem fazia aniversário neste intervalo!
O papa
Gregório XIII, ao reformular o calendário, incluiu o dia 29 de fevereiro nos
anos bissextos, acabando com a duplicação do dia 24 de fevereiro, proposta por
Júlio César.
Para que a
diferença entre os dias do ano não voltasse a aparecer, Gregório fez as contas
e criou uma fórmula que praticamente resolveu a questão: os anos bissextos
agora são os múltiplos de quatro, à exceção dos múltiplos de 100. A exceção a
esta exceção é o ano múltiplo de 400, que também é bissexto. Não vai me dizer que
achou confuso!
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